quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Cigarro



Eu ando pelo escuro, as luzes dos postes falham

A ponta do cigarro em minha boca é a única luz que vejo

O mundo esta um caos, tudo fora do lugar

Há pedaços de historias caídas pelo chão como cacos

Tudo se arrastando com a chuva torrencial que cai

E assim vai levando para o rio do esquecimento coisas importantes

Coisas que eu nem sabia, mas que me trazem em sua falta a suma da saudade

E isso vai corrompendo meu coração do mesmo modo que a fumaça faz com meu pulmão

Meu querer é algo que não tem tanta importância, não depois de tudo

Com um suspiro sugo um pouco de água chuvosa,

Mas o gosto que me vem é salobro

Como das águas que dos olhos escorrem,

Ou do vinho que saem das cavernas do meu ser

E tudo é uma mistura de sonhos, ilusões, sua imagem, seu espírito, nossas risadas

Este caminho segue em frente, mas e se eu não quiser seguir

Talvez tenha chegado a hora de pular para o cruzamento,

Sendo que me vem desejos adormecidos, dilemas antigos e mal resolvidos

Demônios de outra era da minha alma, passados esquecidos

Jogo o cigarro acabado fora, acendo outro

Agora me arremata uma saudade, tão triste de momentos felizes

Quero que voltem, mas já foram mortos, destruídos

Ganância, poder, inveja, ódio,

Complôs que nos assinaram

Sempre vou crer que poderei te dar um abraço

Mas isso não é mais possível

E tudo gira com a fumaça

Com a escuridão, lagrimas, sangue, frio

Tudo rodando em um redemoinho de ilusão

De uma mente perturbada pela realidade

Que não se desculpara por coisas ditas

Nem por atos feitos, muito menos por atos não feitos

Puro orgulho, desprezo, imaturidade

Definir é difícil, pois o que resta é o chão e a escuridão

O fim do cigarro, a chuva, a dor.

By: Fábio Samuel Bonetes

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